quinta-feira, 4 de maio de 2006

A Educação

Tomando como base o conteúdo do livro de Carlos Rodrigues Brandão “O que é Educação” e os estudos das outras disciplinas deste Módulo, podemos constatar que definir a educação, falar sobre sua importância na sociedade e na formação dos indivíduos é algo muito mais abrangente do que certos conceitos que conhecemos sobre educação.
O pequeno Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda, define educação como: “Ação exercida pelas gerações adultas sobre gerações jovens para adaptá-las à vida social; trabalho sistematizado, seletivo, orientador, pelo qual nos ajustamos à vida de acordo com as necessidades ideais e propósitos dominantes; ato ou efeito de educar; aperfeiçoamento integral de todas as faculdades humanas, polidez, cortesia”. Pode parecer uma definição completa, mas não é. Educação é um assunto denso, que em apenas algumas palavras, não nos possibilita compreendê-la ou saber a que serve e a quem serve.
A educação existe em todo lugar. Seja na sua casa, na escola ou na igreja. Podendo ser de um ou de vários modos. Não podemos estereotipar a educação de maneira única, nem afirmar, que ela acontece em um só lugar, na escola, como muitas pessoas pensam. Carlos Rodrigues Brandão, mostra isso em seu livro “O que é Educação”, a educação para ele é específica para cada tipo de sujeito de um povo; ela existe em cada povo, ou entre povos que se encontram.
Pensar que a educação só existe apenas na escola é um engano, onde existirem estruturas sociais haverá a transferência do saber de geração a geração. E assim o homem vai transformando com o trabalho e a consciência, partes da natureza em invenções da sua cultura, foi aprendendo com o tempo a transformar partes das trocas feitas no interior dessa cultura em situações sociais de aprender – ensinar-e-aprender: em educação. O homem não utiliza a educação apenas para continuar o trabalho da vida. Ela se instala dentro de um domínio propriamente humano de trocas de símbolos, de intenções de padrões de cultura e de relações de poder. Mas a seu modo, ela continua no homem o trabalho da natureza de fazê-lo evoluir, de torná-lo mais humano.
Podemos observar ao longo da história a educação como ferramenta de domínio, estabelecendo diferenças de saber, diferenças de classe . Onde quem tem alguma posse, pode ser favorecido com uma educação de melhor qualidade, ao passo que aqueles que não tem condições não tem as mesmas oportunidades. Muitas vezes até condenados ao analfabetismo.
Existe uma discrepância muito grande entre a educação como consta na Lei, e a educação que nos é oferecida. Na teoria, teríamos uma educação idealizada, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, onde haveria compreensão de direitos e deveres da pessoa humana, desenvolvimento integral da personalidade humana.
Infelizmente a nossa realidade é outra, vemos todos os dias alunos e professores insatisfeitos com a pratica da educação em nosso país. Eles levantam questões e afirmam que passando por todas as etapas, a educação nega no cotidiano o que afirma a lei. Vemos uma educação desigual, sem liberdade consolidando a estrutura classista que pesa sobre nós.
A educação é um instrumento de estratificação social, ela forma o individuo. Forma em todos os aspectos, seja preparando com conteúdo científico o individuo, seja levando este a ter a responsabilidade, a ter uma reflexão critica de suas realidades.
O papel de politizar o indivíduo através da educação, é algo que exige esforço e muita coerência daqueles que estão levando este indivíduo a se posicionar criticamente, questionando, orientando e incentivando a pensar e reivindicar seus direitos, influindo na sociedade.
A educação deve ser autônoma, não apenas uma transmissão de conhecimento, transmissão do saber. E sim uma troca entre quem aprende e quem ensina. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Criando possibilidades para sua produção ou construção.
Sabemos que a educação é determinada fora do controle comunitário dos seus praticantes que são educadores e educando, sabemos que ela reproduz da maneira que é estabelecida, uma grande e vergonhosa desigualdade social, onde uma minoria chega a um limite superior, e que a grande maioria fica no limite inferior do mundo do trabalho.
O lógico seria não acreditar na educação, porém, sabemos o que a educação pode fazer se bem direcionada. A educação libertadora, a educação que prega a igualdade entre os homens, a educação como ferramenta de mudanças, mas não a única. A educação que pode transformar conhecimento em poder, a educação que leve o indivíduo a ser autônomo, livre para escolher. A educação voltada para a formação de líderes através do desenvolvimento do pensamento, para a formação cultural do indivíduo dentro da estrutura que ele está inserido, para preparar especialistas para cumprir determinadas funções dentro da sociedade.
A educação é assim, ampla. Seja religiosa, familiar, carismática, filosófica, política ou especializada. Está em toda parte de várias maneiras. E o papel do educador é ajudar aquele que aprende a desenvolver sua capacidade de reflexão como ser humano, então podemos talvez “reinventar a educação”.




Eva Coutinho Matos Santana


Referências Bibliográficas:

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1998.
RIBEIRO, M. L. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1989

O pensamento sociológico de Max Weber

Max Weber produziu a sociologia “compreensiva”, onde ele se mostra preocupado com a compreensão das atitudes dos indivíduos na sociedade, considerando que a sociologia poderia, então, explicar melhor determinados fragmentos da realidade social.
Diferente do pensamento crítico de Marx, e de sua visão de transformação da sociedade capitalista, Weber através da sociologia compreensiva, visa compreender as relações sociais. Ele não está pensando em transformação. Para Weber, o indivíduo através de suas ações é quem constrói a sociedade.
Dentro da perspectiva da sociologia compreensiva, está a postura do cientista que deve ser de compreender as relações sociais e analisar sem interferir. O cientista se mantém neutro, analisa o fato sem se relacionar com ele.
Para Weber, a sociedade é fruto de ações racionais dos homens, que fazem suas escolhas conscientemente dentro da sociedade. São indivíduos dotados de racionalidade, que pensam, que analisam. Segundo Weber, esses indivíduos são mais importantes que a sociedade, já que são eles que “dão vida” à sociedade. O contrário do pensamento de Durkheim, que via a sociedade como uma instituição que se impõe aos indivíduos quase que totalmente autônoma em relação a estes.
O objeto de estudo da sociologia compreensiva, é a ação social dos indivíduos. Estes realizam suas ações vinculadas às ações de outros indivíduos. Realiza pensando no outro indivíduo.
Dentro da sociedade estão estabelecidos diversos tipos de ação, mas Weber acredita que existem algumas mais efetivas na sociedade. Ação tradicional, afetiva, racional com relação a fins e racional com relação a valores. Quando o sentido das ações é compartilhado por um grupo de pessoas, estabelecemos uma relação social.
Na política, Weber buscou compreender os fundamentos da dominação legítima – aquela que é obtida sem o uso da força. Ele identifica três tipos básicos de dominação legítima: a dominação “legal” que é a obediência baseada através de leis, estatutos e normas estabelecidas em sociedade; dominação “tradicional” que é a obediência nas crenças das santidades e das tradições; dominação “carismática” que é obediência no carisma do líder.
Outro ponto importante no pensamento de Max Weber é a educação. Ele descreve uma educação racional, onde os indivíduos são preparados para exercer as funções dentro da sociedade. Para Weber, a educação é um instrumento para estratificação social, ela forma o indivíduo. Uma educação para a qual esse indivíduo vai seguir suas ações. Weber vê a educação como uma ação social.
Weber aponta três caminhos para a educação: despertar o carisma é o caminho direcionado àqueles indivíduos que são considerados únicos na sociedade, poderão se tornar líderes através do desenvolvimento do pensamento. A pedagogia do cultivo forma culturalmente o indivíduo para que possa exercer sua função dentro da estrutura em que ele está inserido. E a pedagogia do treinamento prepara um especialista para cumprir determinada função dentro da estrutura hierarquizada e burocrática da sociedade capitalista.
A nossa educação é voltada para os três caminhos. Deve haver a união desses termos. A formação deve ser completa dentro dessas três perspectivas, havendo inter –relação desses três caminhos para a educação.
Weber possuía um conceito amplo de educação, o que engloba a educação religiosa, familiar, carismática, filosófica, política e especializada. Ele reconheceu que a escola poderia transformar conhecimento em poder. Segundo Weber a sociedade é o fruto das ações racionais dos indivíduos, isso faz com que o indivíduo seja um ser autônomo, livre para escolher. Esta é uma contribuição para implementação de uma escola ideal. O papel do educador e da escola é ajudar o aluno na sua capacidade de reflexão como ser humano. Possibilitando assim, a criação de mecanismos de mudança dentro da sociedade.


Eva Coutinho Matos Santana

Referências Bibliográficas:
QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2001.