segunda-feira, 4 de maio de 2009

Desenvolvimento Psico-emocional

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
graduação em pedagogia

eva coutinho matos santana











AS TEORIAS DE PIAGET E VYGOTSKY






















Feira de Santana
2006

eva coutinho matos santana













AS TEORIAS DE PIAGET E VYGOTSKY

















Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para a disciplina Desenvolvimento Psico-emocional.

Orientador: Prof. Fernando Zanluchi









Feira de Santana
2006


Quadro comparativo das diferenças e semelhanças entre as teorias de Piaget e Vygotsky


Diferenças:

1- Piaget

ü Privilegia a maturação biológica;
ü O desenvolvimento segue uma seqüência fixa e universal de estágios;
ü Os conhecimentos são elaborados espontaneamente pela criança, de acordo com os estágios de desenvolvimento que ela se encontra;
ü A visão egocêntrica (particular, peculiar) que as crianças têm do mundo vai, progressivamente aproximando-se da concepção dos adultos: torna-se socializada, objetiva (do individual para o social);
ü A aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento e tem pouco impacto sobre ele (minimiza o papel da interação social);
ü O pensamento aparece antes da linguagem, que é uma das suas formas de expressão.
ü A formação do pensamento depende, basicamente, da coordenação dos esquemas sensoriomotores e não da linguagem;
ü As operações cognitivas não podem ser trabalhadas por meio de treinamento específico feito com o auxilio da linguagem (não se pode ensinar, usando apenas palavras, a classificar, a seriar, a pensar com reversibilidade).

2- Vygotsky
ü Privilegia o ambiente social;
ü Não aceita a visão única, universal, de desenvolvimento humano;
ü A criança nasce num mundo social e vai formando uma visão de mundo através da interação social com adultos ou crianças mais experientes;
ü A construção do real é medida pelo interpessoal antes de ser internalizada pela criança (do social para o individual);
ü Desenvolvimento e aprendizagem são processos que se influenciam reciprocamente (quanto mais aprendizagem mais desenvolvimento);
ü Pensamento e linguagem são processos interdependentes, desde o inicio da vida;
ü A aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções superiores, dando uma forma definida ao pensamento possibilitando o aparecimento da imaginação, o uso da memória e o planejamento da ação;
ü Coexistem fala egocêntrica e comunicacional, sendo a fala egocêntrica transitória na evolução da fala oral para o interior, onde predomina o sentido da palavra sobre o significado da frase. A fala egocêntrica é o falar para si mesmo e para o outro de seus planos interiores e ações, tem sentido social.

Semelhanças entre as teorias de Piaget e Vygotsky

ü É importante que se respeite o nível da criança na colocação mínima e máxima para cada ensinamento.
ü Representam marcos teóricos nas pesquisas da construção do conhecimento, sendo necessário o dialogo entre ambas as teorias para que tenhamos um teoria do conhecimento sempre renovada e atual;
ü São contra o “associacionismo imperista” e “idealismo racionalista”; se interessam pela gênese dos processos psicológicos.
ü Consideram que a imaginação surge da ação, o que é importante na formação da consciência;
ü Consideram o discurso egocêntrico como ponto de partida do discurso interior.


































A contribuição da teoria de Vygotsky para a educação


Lev Seminovitch Vygotsky (1896-1934) foi um teórico que iniciou-se sob forte influência do materialismo histórico e dialético de Marx e Engels. No seu trabalho, encontra-se uma visão de desenvolvimento baseada na concepção de um organismo ativo, cujo pensamento é construído paulatinamente num ambiente que é histórico e essencialmente social. O sujeito é herdeiro da evolução filogênica e cultural, e seu desenvolvimento se dá em do meio social em que vive, portanto sua teoria é considerada histórico-social. Nesta teoria é dado destaque as possibilidades que o indivíduo dispõe a partir do ambiente em que vive e que dizem respeito ao acesso que o ser humano tem a “instrumentos físicos”, como uma faca, uma mesa, e “instrumentos sociais”, como a cultura, costumes, valores (signos e linguagens) desenvolvidos em gerações precedentes. Vygotsky mostra que o desenvolvimento se dá de fora para dentro, preparando o educador para preparar o educando.
Para Vygotsky, a aprendizagem da criança antecede a entrada na escola e que o aprendizado escolar produz algo novo no desenvolvimento infantil, evidenciando as relações interpessoais.
A aprendizagem acontece em todo lugar. O processo de formação de pensamento é despertado e acentuado pela vida social e pela constante comunicação que se estabelece entre crianças e adultos, a qual permite a assimilação da experiência de muitas gerações. A linguagem intervém no processo de desenvolvimento intelectual da criança desde o nascimento. Quando os adultos nomeiam objetos, indicando para a criança as várias relações que estes mantém entre si, ela constrói formas mais complexas e sofisticadas de conceber a realidade. Sozinha, não seria capaz de adquirir aquilo que obtém por intermédio de sua interação com os adultos e com as outras crianças, num processo que a linguagem é fundamental.
Em sua teoria Vygotsky apresenta a noção de que o bom aprendizado é aquele que se adianta da criança, isto é, aquele que considera o nível de desenvolvimento potencial ou proximal. O conceito de “zona de desenvolvimento potencial” possibilita compreender funções de desenvolvimento que estão a caminho de se completar. Tal conceito é de suma importância para um ensino efetivo. Ele pode ser utilizado tanto para mostrar a forma como a criança organiza a informação, como para verificar o modo como seu pensamento opera, apenas conhecendo o que as crianças são capazes de realizar com e sem a ajuda externa é que se pode conseguir planejar as situações de ensino e avaliar os progressos individuais. Portanto o papel da educação e consequentemente, o de aprendizagem, ganham destaques na teoria de desenvolvimento de Vygotsky, que também mostra que a qualidade das trocas que se dão no plano verbal entre o professor e os alunos irá influenciar decisivamente na forma como as crianças tornam mais complexos o seu pensamento e processam novas informações.
Na construção social, Vygotsky considera as crianças como sujeitos sociais que constroem o conhecimento socialmente produzido. O desenvolvimento é a apropriação ativa do conhecimento disponível na sociedade em que a criança nasceu. Esse processo de desenvolvimento na fase escolar deve ser provocado de fora para dentro pelo professor, que é uma figura fundamental no processo de preparação do aluno.
Referências bibliográficas:


MOSQUERA, Juan José Mourño; ISAIA, Silvia Maria de Aguiar. Vygotsky ou Piaget? Uma polêmica de repercussões significativas. N. 12, p 77 – 90. Porto Alegre: Educação, 1987.


VYGOTSKY, Lev S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987. - A Formação Social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

A relação de uma “pedagogia da autonomia” com a formação de um sujeito ético-político.

A relação que existe de uma “pedagogia da autonomia” com a formação de um sujeito ético-político, é muito estreita. Levando-se em consideração a metodologia aplicada nesta pedagogia.
Uma pedagogia com autonomia tem como aspecto principal de que o ato de formar vai além do que treinar o educando a desempenhar tarefas. O educando deve ser estimulado a ser crítico, curioso, ser livre para pensar, desenvolver sua capacidade participativa.
Educar não é apenas preparar o educando com conteúdo técnico e científico. Os educadores têm a responsabilidade ética de levar os seus educandos a uma reflexão crítica de suas realidades.
O educador tem o papel de politizar o educando, é preciso que os educadores se posicionem criticamente, questionando, orientando e incentivando os educandos a pensar e reivindicar seus direitos, influindo na sociedade.
Para formar um sujeito ético-político é preciso derrubar ideologias ultrapassadas, alienadoras, como a que o educador é o sujeito que detém todo o conhecimento e o educando é o objeto que absorve de maneira passiva, inquestionável. O educador deve ser um defensor da autonomia, da liberdade, do pensar. É fundamental entender que a educação não é responsável apenas em formar técnicos, mas tem em sua base formação ética e moral.
É necessário que o educador ao assumir o compromisso de formar cidadãos, o faça com ética, amor e alegria por ensinar, pois serão dos educandos de hoje que partirão as mudanças da sociedade de amanhã.




Eva Coutinho Matos Santana


Referências Bibliográficas

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 9. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998.
SEVERINO, A. Joaquim. Filosofia da educação: construindo a cidadania. São Paulo: FTD, 1994.

quinta-feira, 4 de maio de 2006

A Educação

Tomando como base o conteúdo do livro de Carlos Rodrigues Brandão “O que é Educação” e os estudos das outras disciplinas deste Módulo, podemos constatar que definir a educação, falar sobre sua importância na sociedade e na formação dos indivíduos é algo muito mais abrangente do que certos conceitos que conhecemos sobre educação.
O pequeno Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda, define educação como: “Ação exercida pelas gerações adultas sobre gerações jovens para adaptá-las à vida social; trabalho sistematizado, seletivo, orientador, pelo qual nos ajustamos à vida de acordo com as necessidades ideais e propósitos dominantes; ato ou efeito de educar; aperfeiçoamento integral de todas as faculdades humanas, polidez, cortesia”. Pode parecer uma definição completa, mas não é. Educação é um assunto denso, que em apenas algumas palavras, não nos possibilita compreendê-la ou saber a que serve e a quem serve.
A educação existe em todo lugar. Seja na sua casa, na escola ou na igreja. Podendo ser de um ou de vários modos. Não podemos estereotipar a educação de maneira única, nem afirmar, que ela acontece em um só lugar, na escola, como muitas pessoas pensam. Carlos Rodrigues Brandão, mostra isso em seu livro “O que é Educação”, a educação para ele é específica para cada tipo de sujeito de um povo; ela existe em cada povo, ou entre povos que se encontram.
Pensar que a educação só existe apenas na escola é um engano, onde existirem estruturas sociais haverá a transferência do saber de geração a geração. E assim o homem vai transformando com o trabalho e a consciência, partes da natureza em invenções da sua cultura, foi aprendendo com o tempo a transformar partes das trocas feitas no interior dessa cultura em situações sociais de aprender – ensinar-e-aprender: em educação. O homem não utiliza a educação apenas para continuar o trabalho da vida. Ela se instala dentro de um domínio propriamente humano de trocas de símbolos, de intenções de padrões de cultura e de relações de poder. Mas a seu modo, ela continua no homem o trabalho da natureza de fazê-lo evoluir, de torná-lo mais humano.
Podemos observar ao longo da história a educação como ferramenta de domínio, estabelecendo diferenças de saber, diferenças de classe . Onde quem tem alguma posse, pode ser favorecido com uma educação de melhor qualidade, ao passo que aqueles que não tem condições não tem as mesmas oportunidades. Muitas vezes até condenados ao analfabetismo.
Existe uma discrepância muito grande entre a educação como consta na Lei, e a educação que nos é oferecida. Na teoria, teríamos uma educação idealizada, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, onde haveria compreensão de direitos e deveres da pessoa humana, desenvolvimento integral da personalidade humana.
Infelizmente a nossa realidade é outra, vemos todos os dias alunos e professores insatisfeitos com a pratica da educação em nosso país. Eles levantam questões e afirmam que passando por todas as etapas, a educação nega no cotidiano o que afirma a lei. Vemos uma educação desigual, sem liberdade consolidando a estrutura classista que pesa sobre nós.
A educação é um instrumento de estratificação social, ela forma o individuo. Forma em todos os aspectos, seja preparando com conteúdo científico o individuo, seja levando este a ter a responsabilidade, a ter uma reflexão critica de suas realidades.
O papel de politizar o indivíduo através da educação, é algo que exige esforço e muita coerência daqueles que estão levando este indivíduo a se posicionar criticamente, questionando, orientando e incentivando a pensar e reivindicar seus direitos, influindo na sociedade.
A educação deve ser autônoma, não apenas uma transmissão de conhecimento, transmissão do saber. E sim uma troca entre quem aprende e quem ensina. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Criando possibilidades para sua produção ou construção.
Sabemos que a educação é determinada fora do controle comunitário dos seus praticantes que são educadores e educando, sabemos que ela reproduz da maneira que é estabelecida, uma grande e vergonhosa desigualdade social, onde uma minoria chega a um limite superior, e que a grande maioria fica no limite inferior do mundo do trabalho.
O lógico seria não acreditar na educação, porém, sabemos o que a educação pode fazer se bem direcionada. A educação libertadora, a educação que prega a igualdade entre os homens, a educação como ferramenta de mudanças, mas não a única. A educação que pode transformar conhecimento em poder, a educação que leve o indivíduo a ser autônomo, livre para escolher. A educação voltada para a formação de líderes através do desenvolvimento do pensamento, para a formação cultural do indivíduo dentro da estrutura que ele está inserido, para preparar especialistas para cumprir determinadas funções dentro da sociedade.
A educação é assim, ampla. Seja religiosa, familiar, carismática, filosófica, política ou especializada. Está em toda parte de várias maneiras. E o papel do educador é ajudar aquele que aprende a desenvolver sua capacidade de reflexão como ser humano, então podemos talvez “reinventar a educação”.




Eva Coutinho Matos Santana


Referências Bibliográficas:

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1998.
RIBEIRO, M. L. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1989

O pensamento sociológico de Max Weber

Max Weber produziu a sociologia “compreensiva”, onde ele se mostra preocupado com a compreensão das atitudes dos indivíduos na sociedade, considerando que a sociologia poderia, então, explicar melhor determinados fragmentos da realidade social.
Diferente do pensamento crítico de Marx, e de sua visão de transformação da sociedade capitalista, Weber através da sociologia compreensiva, visa compreender as relações sociais. Ele não está pensando em transformação. Para Weber, o indivíduo através de suas ações é quem constrói a sociedade.
Dentro da perspectiva da sociologia compreensiva, está a postura do cientista que deve ser de compreender as relações sociais e analisar sem interferir. O cientista se mantém neutro, analisa o fato sem se relacionar com ele.
Para Weber, a sociedade é fruto de ações racionais dos homens, que fazem suas escolhas conscientemente dentro da sociedade. São indivíduos dotados de racionalidade, que pensam, que analisam. Segundo Weber, esses indivíduos são mais importantes que a sociedade, já que são eles que “dão vida” à sociedade. O contrário do pensamento de Durkheim, que via a sociedade como uma instituição que se impõe aos indivíduos quase que totalmente autônoma em relação a estes.
O objeto de estudo da sociologia compreensiva, é a ação social dos indivíduos. Estes realizam suas ações vinculadas às ações de outros indivíduos. Realiza pensando no outro indivíduo.
Dentro da sociedade estão estabelecidos diversos tipos de ação, mas Weber acredita que existem algumas mais efetivas na sociedade. Ação tradicional, afetiva, racional com relação a fins e racional com relação a valores. Quando o sentido das ações é compartilhado por um grupo de pessoas, estabelecemos uma relação social.
Na política, Weber buscou compreender os fundamentos da dominação legítima – aquela que é obtida sem o uso da força. Ele identifica três tipos básicos de dominação legítima: a dominação “legal” que é a obediência baseada através de leis, estatutos e normas estabelecidas em sociedade; dominação “tradicional” que é a obediência nas crenças das santidades e das tradições; dominação “carismática” que é obediência no carisma do líder.
Outro ponto importante no pensamento de Max Weber é a educação. Ele descreve uma educação racional, onde os indivíduos são preparados para exercer as funções dentro da sociedade. Para Weber, a educação é um instrumento para estratificação social, ela forma o indivíduo. Uma educação para a qual esse indivíduo vai seguir suas ações. Weber vê a educação como uma ação social.
Weber aponta três caminhos para a educação: despertar o carisma é o caminho direcionado àqueles indivíduos que são considerados únicos na sociedade, poderão se tornar líderes através do desenvolvimento do pensamento. A pedagogia do cultivo forma culturalmente o indivíduo para que possa exercer sua função dentro da estrutura em que ele está inserido. E a pedagogia do treinamento prepara um especialista para cumprir determinada função dentro da estrutura hierarquizada e burocrática da sociedade capitalista.
A nossa educação é voltada para os três caminhos. Deve haver a união desses termos. A formação deve ser completa dentro dessas três perspectivas, havendo inter –relação desses três caminhos para a educação.
Weber possuía um conceito amplo de educação, o que engloba a educação religiosa, familiar, carismática, filosófica, política e especializada. Ele reconheceu que a escola poderia transformar conhecimento em poder. Segundo Weber a sociedade é o fruto das ações racionais dos indivíduos, isso faz com que o indivíduo seja um ser autônomo, livre para escolher. Esta é uma contribuição para implementação de uma escola ideal. O papel do educador e da escola é ajudar o aluno na sua capacidade de reflexão como ser humano. Possibilitando assim, a criação de mecanismos de mudança dentro da sociedade.


Eva Coutinho Matos Santana

Referências Bibliográficas:
QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2001.